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IV JORNADA DE BIOÉTICA

 PPGBIOS  

SOBRE A JORNADA

A Jornada de Bioética do PPGBIOS surgiu em 2014 como uma forma de integração e discussão entre os discentes e docentes do programa de pós graduação.

 
Pela natureza Interinstitucional do Programa e a natureza multidisciplinar de seus discentes, espaços como a Jornada permitem um encontro e troca de informações, novidades e ideias.

Divididos por seus Macro-Projetos de Pesquisas que refletem a transdisciplinaridade e diversidade do campo da Bioética, a Jornada oferece um espaço para debate, divulgação e exposições sobre atividades realizadas pelos Macro-Projetos.

Nesse ano teremos os 5 Macro-Projetos principais apresentando seus trabalhos e promovendo debates acerca de assuntos de seu âmbito e interesse, buscando um debate

democrático e reflexões interessantes a todos.

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A IV Jornada traz o tema de "Por que o outro importa?", uma reflexão sobre a proximidade e relações que se criam com os demais seres ao nosso redor.

CONHEÇA OS DOCENTES DO PPGBIOS QUE IRÃO PALESTRAR E APRESENTAR OS MACROPROJETOS AQUI.

4 e 6 de dezembro de 2017, das 9h as 17h: Local - ENSP/Fiocruz (Salão Internacional)

CONTATO

Para outras perguntas e comentários envie um email para ppgbios2010@gmail.com

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POR QUE O OUTRO IMPORTA?
Abertura - 4 de Dezembro, 2017
 

Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP)

Rua Leopoldo Bulhões, 1480, 4. andar

Manguinhos - Rio de Janeiro

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"O outro, esse alienígena"

O que é o outro, aquele que não sou eu? Como posso entender um ser que me é estranho a
partir de critérios que me são inevitavelmente impostos pelo meu próprio ser?
Essa é a questão da alteridade, discutida pelos filósofos, pelos antropólogos, pelos cientistas sociais.
É uma questão antiga.
Os gregos já a percebiam, na Antigüidade. Antes de poder analisá-la, eles já a enxergavam e representavam, através de seus mitos.
A professora Marília Amorim, aproveitando informações proporcionadas pelo historiador Jean-Pierre Vernant, lembra que existiam três representações gregas diferentes da alteridade. Num livro publicado na França (“Dialogisme et alterité dans les sciences humaines”), a ensaísta brasileira examina as três figurações diversas do “ser outro”.
Segundo ela, três criaturas mitológicas simbolizavam os modos distintos de lidar com o problema: a Górgona, Dionisos e Ártemis.
A Górgona - também conhecida como Medusa - era um monstro terrível: quem a olhasse morria, petrificado. Ela encarnava “o absolutamente outro, o indizível, o impensável”. Dionisos, por sua vez, representava o outro como próximo. No espírito dionisíaco, o outro está dentro de mim, eu posso me tornar o outro, posso liberá-lo. Já em Ártemis (que os romanos chamavam Diana), a simbolização aponta para algo distante, que no entanto pode se tornar próximo. Ártemis é a deusa das fronteiras; embora seja bárbara, estrangeira, é a fundadora da cidade grega. Planeja a paz, porém está pronta para dirigir a guerra. É virgem, contudo protege as mulheres na hora do parto. É a deusa da caça, da ida do ser humano ao encontro do animal, porém faz da caça uma arte, uma atividade coletiva,
disciplinada; e preserva a linha divisória entre cultura e natureza. Ártemis, então, representava o outro como aquele que estava além da fronteira, mas podia ser trazido para o meu território, assimilado ao meu ser.
Na nossa maneira de enfrentar o desafio de compreender o outro, tendemos quase sempre a encará-lo do ângulo de Dionisos ou de Ártemis. A Górgona nos apavora; temos a expectativa de que a alteridade, afinal, seja integrada a nós sem grandes catástrofes.

Damo-nos conta, um tanto confusamente, de que precisamos entender os outros para tentarmos nos entender um pouco melhor, quer dizer, para podermos comparar o que somos ao que não somos.
O que não somos, entretanto, nos ameaça.

Quando optamos pelo procedimento “liberador” de Dionisos ou pela via “anexionista” de Ártemis, tememos nos deparar, subitamente, com o rosto hediondo da Medusa. Então, fechamos os olhos, para não morrermos petrificados. Identificamos nosso ser particular com o ser em geral e achamos que o ser do outro é o não ser. Esse medo é exorcizado no filme “Independence day”, na imagem da luta heróica contra os sórdidos inimigos que vieram do espaço. O outro, sob a forma da Górgona ou do invasor alienígena, é apavorante.
Devemos, então renunciar à defesa do nosso modo de ser? Devemos desistir de preservar a nossa identidade? É claro que não.
Podemos, contudo, adotar uma linha de conduta reveladora de maior disponibilidade para o outro. E o caminho para isso, tal como Marília Amorim o propõe em seu livro, é o do dialogismo, teorizado pelo filósofo russo Mikhail Bakhtin. No diálogo com o outro, eu não harmonizo as diferenças (que são essenciais à prática dialógica), não supero as frustrações que me são impostas pelos limites (efetivos) da comunicação, não elimino os riscos, porém aprendo a apreciar a polifonia, aprendo a ouvir a diversidade das vozes.
Exercito-me numa linguagem que amplia meus horizontes para a compreensão do que está além do saber constituído. Educo-me no respeito à inesgotabilidade do real. Desenvolvo a capacidade de combinar a preservação da minha identidade com uma abertura menos tímida para a alteridade.
Por esse caminho, quem sabe?, talvez cheguemos à conclusão de que o outro (o alienígena) não precisa ser necessariamente nem o ET piegas do dedinho amoroso iluminado nem o vilão asqueroso do “Independence day”.

KONDER, L. O Outro, Esse Alienígena. In: Opinião, Jornal do Brasil, 1999.

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